quarta-feira, 28 de março de 2012

Acontecimentos no ano de 1856

  • Cortes são adiadas por 14 dias
De forma muito polémica por razões que se prendem com os desenvolvimentos políticos acontecidos no reinado anterior o duque de Saldanha era desde 1 de Maio de 1851, presidente do governo, que D.Pedro manteve em funções, Iniciando-se com o seu governo o que mais tarde seria cognominado como a Regeneração, período marcado pelo investimento em obras públicas e pelo crescimento económico.

O novo rei tinha um profundo desprezo pelos políticos em geral, que considerava dum modo geral mais vaidosos do que competentes. Do povo de quem tinha muita pena constatava a imensa ignorância e é com esta premissas que irão decorrer os seus curtos anos de reinado.

Muito minucioso D.Pedro tudo anotava nos seus diário, o que facilita a compreensão das suas motivações e muitas das suas dúvidas. Grande desgaste ao longo do seu reinado, porque por tudo se interessava e de todas os problemas se queria inteirar.
Este pequeno preâmbulo para que se possa imaginar o tipo de relação entre Saldanha, de enorme prestígio no País e respectiva toleima, que não era do agrado do jovem rei e a presença do "miúdo" no trono aos olhos do todo poderoso Saldanha, neto pelo lado materno do Marquês de Pombal.

As razões do adiamento por 14 dias da abertura da Cortes, transferindo para o dia 19 de Janeiro, não as conheço, mas o certo é que epidemias e a grave crise económica, resultante de maus anos agrícolas geraram grande insatisfação popular

  • A demissão de Saldanha
A crise cerealífica apresentava aspectos gravíssimos que dificultava a alimentação dos mais desfavorecidos, porque a escassez de alimentos geravam fome nomeadamente nas grandes cidades. O preço dos alimentos no exterior eram elevados, devido à guerra na Crimeia.

Em Fevereiro o governo apresenta à Câmara de Deputadas, uma proposta que permitisse a importação de cereais, tendo o ministro da Fazenda Fontes Pereira de Melo, afirmado que um dia ter-se-ia que pensar em liberalizar o preço dos cereais em Portugal, que claramente feria interesse instalados, mas que tinha todo o apoio do rei.
Essas e outras medidas de cariz fiscal, associadas à necessidade de aumentar impostos, não colhiam votos favoráveis da Câmara alta, que levaram Saldanha a sugerir a D.Pedro V, que lhe fornecesse uma fornada de pares do reino, que engrossando aquela Câmara, viesse a traduzir-se no aumento de votos necessários à aprovação daquelas e outras medidas do governo.

D.Maria II nunca se opusera a esse tipo de solução, porém D.Pedro não aprovava essa solução e nunca cedeu, mesmo depois de várias ameaças uma mais veladas do que outras, de sem Saldanha regressaria ao País a insegurança e a instabilidade ou até o regresso de Costa Cabral ao poder, D.Pedro nunca se assustou nem cedeu. considerando negativo e desprestigiante esse método para obter maiorias.

Assim em Junho de 1856, depois dessa surda guerra Saldanha apresenta a sua demissão

  • A nomeação do marquês de Loulé presidente do Conselho
Ao rei cabia agora a tarefa de encontrar o sucessor de Saldanha na chefia do governo. Tarefa difícil, já que Saldanha, havia absorvido muitos aderentes em especial os competentes. Á direita alinhavam-se os cabralistas, que naturalmente D.Pedro preferia ignorar e à esquerda de Saldanha os históricos progressistas ainda pouco influentes.

Foram feitos alguns convites, pelo menos 2 vezes tentou o conde de Lavradio, a sua clara preferência, mas cujas funções importantíssimas de embaixada em Londres, justificavam a sua permanência naquela cidade em vez da chefia do governo.

Depois das recusas de Joaquim António de Aguiar,Passos Manuel e de outras personagens, acaba por incidir a escolha no seu tio avô Nuno Rolim de Moura Barreto o marquês de Loulé, que depois de algumas recusas evocando argumentos sem substância e que suportavam a tese da sua propalada indolência, acaba por aceitar aquele cargo